
Para Ilanna Thalma, a rua é território de criação. Desde 2005, sua prática em arte urbana transita entre pixo e graffiti, expandindo-se para a assemblagem e a instalação. O espaço urbano é entendido como ateliê a céu aberto, onde cada caminhada se torna gesto estético e político, e cada objeto encontrado — pedaços de azulejo, ferros enferrujados, madeiras, plásticos — é incorporado como matéria-prima carregada de memória e simbologia.
A artista reconhece na rua uma prática de arquivo vivo, um lugar de coleta e invenção, onde rastros cotidianos se transformam em signos visuais. Inspirada pelo pensamento do Walkscapes – O Caminhar como Prática Estética, Ilanna vê o ato de andar pela cidade como processo criativo: recolher, observar, pixar, grafitar, intervir. Sua obra articula a precariedade e a potência do que foi descartado, dando forma a relicários urbanos que oscilam entre espiritualidade popular, ancestralidade e crítica social.
No universo do pixo e do graffiti, a artista encontrou uma linguagem de resistência e pertencimento, mas também enfrentou resistências para afirmar sua trajetória ligada à arte urbana. Hoje, reivindica esse espaço como campo expandido da arte contemporânea, onde assemblagem e intervenção urbana dialogam e se misturam. Sua produção reafirma a ideia de que a rua é não apenas cenário, mas também fonte de matéria, de símbolos e de experiências coletivas — um campo de forças onde se cruzam o íntimo, o espiritual e o político.








